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Regência Verbal

A regência verbal tem como objeto de estudo a relação que se estabelece entre o verbo e seus respectivos complementos. Dentre os estudos lin...

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sábado, 3 de março de 2012

Regência Verbal

A regência verbal tem como objeto de estudo a relação que se estabelece entre o verbo e seus respectivos complementos.

Dentre os estudos linguísticos inerentes à sintaxe, encontra-se a sintaxe de regência. Ela é responsável pelo estudo das relações de dependência que se estabelecem entre os termos da oração ou entre as orações no período. Assim sendo, quando um desses termos diz respeito a um verbo, tem-se o que denominamos regência verbal. Atente-se para os enunciados que seguem:

Aspiramos a fragrância agradável do perfume.

Há muito aspiramos a este disputado cargo na empresa.

Em ambas as orações temos um verbo (aspirar), mas esse verbo por si só não possui sentido completo, necessitando, portanto, de um termo que o complemente. Nesse caso, temos o termo regente – demarcado pelo próprio verbo; e o termo regido – representado pelo complemento. Dessa forma, estamos fazendo referência à transitividade verbal, ou seja, em alguns casos o verbo pode ser transitivo direto, em outras ele pode ser transitivo indireto ou pode ocupar as duas funções ao mesmo tempo, dependendo do contexto. Esse contexto se traduz pelo significado que ele apresenta, assim como podemos verificar por meio dos exemplos anteriores:

No primeiro exemplo, o sentido do verbo em questão faz referência ao ato de “sorver, cheirar”. Assim sendo, ele ocupa a posição de transitivo direto. Já no segundo, notadamente pelo emprego da preposição, o sentido diz respeito ao ato de “almejar, pretender a algo” – razão pela qual ele se classifica como transitivo indireto.
Diante do exposto, pudemos compreender de modo efetivo acerca da função que se atribui à regência verbal, ou seja, ela se ocupa do estudo da relação que se estabelece entre os verbos e seus respectivos complementos. Enquanto usuários da língua, é necessário compreender como se dá essa relação para que possamos construir nossos discursos de forma adequada.
Assim sendo, ocupemo-nos em ampliar nossos conhecimentos, começando a entender um pouco mais sobre os verbos intransitivos e, em seguida, checando uma listagem contendo os principais verbos, os quais ora podem assumir a função de transitivos diretos, ora de indiretos. 

Verbos intransitivos
Representam aqueles verbos que por si só possuem sentido completo. A título de representá-los, citamos o caso dos verbos chegar e ir, os quais, normalmente, são sucedidos de adjuntos adverbiais. Observe:
Chegamos a Brasília.
Constatamos que o termo “a Brasília” representa o adjunto adverbial de lugar.
Nós fomos a São Paulo.
“A São Paulo” também representa a função de adjunto adverbial de lugar.

Regência verbal de alguns verbos
Observe uma listagem com os verbos mais recorrentes, levando-se em conta a transitividade que a eles se atribui:
Agradecer
a) Transitivo direto – Ocorre quando o complemento faz referência a um ser não personificado:
Agradeceu a atenção.
b) Transitivo indireto – Manifesta-se quando o complemento diz respeito a um ser personificado:
Agradeceu aos ouvintes.
c) Transitivo direto e indireto – Assim se caracteriza quando se refere a coisas e a pessoas ao mesmo tempo:
Agradeceu a atenção aos ouvintes.
Ajudar
a) Quando seguido de um infinitivo transitivo, precedido da preposição “a”, tanto pode ser transitivo direto quanto indireto:
Ajudou o aluno a realizar a pesquisa.
Ajudou ao aluno a realizar a pesquisa.
b) No caso de o infinitivo preposicionado ser intransitivo, ocupa apenas a função de transitivo direto:
Ajudaram a multidão a entrar.
Aqui temos o infinitivo preposicionado funcionando como intransitivo.
c) Caso não esteja seguido de infinitivo, geralmente ocupa a função de objeto direto, somente:
Ajudei-a muito hoje.
Ansiar
a) Transitivo direto – Assim se classifica quando o sentido fizer referência a “angustiar, provocar mal-estar”:
A demora ansiava-o.
b) Transitivo indireto – Ocupa tal posição quando o sentido se referir a “desejar”, sempre regido pela preposição “por”:
Ansiava por uma proposta melhor de emprego.  
Aspirar
a) Na qualidade de transitivo direto revela o sentido de “cheirar, sorver”:
Aspiramos a fragrância agradável do perfume.
b) Ocupando a função de transitivo indireto retrata o sentido referente a “desejar, pretender”:
Há muito aspiramos a este disputado cargo na empresa.   
Assistir
a) Transitivo direto ou indireto – Tais posições se manifestam quando o sentido fizer referência a “prestar socorro, dar assistência”:
O médico assistiu o paciente.
O médico assistiu ao paciente.
b) Transitivo indireto – Assim se manifesta quando o sentido se referir a “presenciar, estar presente”:
Assistimos à queima de fogos.
c) Transitivo indireto – Tal posição é ocupada quando o sentido fizer referência a “favorecer, pertencer”:
O direito de reclamação assistia aos clientes.
Assiste-lhe o direito de reinvindicação.
Casar
a) Intransitivo – Quando por si só apresentar sentido completo.
Eles casaram (ou se casaram – na qualidade de pronome reflexivo) na Europa.
b) Transitivo indireto – Quando requisitar um complemento, sendo este regido pelo uso da preposição:  
Eles se casou com a melhor amiga.
c) Transitivo direto e indireto – Ocorre quando requisitar dois tipos de complemento: um sem preposição e outro acompanhado dela:
O vizinho casou sua filha com meu primo.
Chamar
a) Transitivo direto – Quando a ideia se referir a “invocar, convocar”:
Chamou-o para jantar.   
Chamou-as para a reunião.
b) Transitivo direto e indireto – Assim se revela quando o sentido fizer referência ao ato de “tachar, apelidar, denominar”. Assim sendo, admite quatro possibilidades de construção:
Chamei-a interesseira.
Chamei-lhe interesseira. 
Chamei-a de interesseira.
Chamei-lhe de interesseira.
Esforçar-se
No sentido de fazer esforço por alguma coisa é essencialmente pronominal. É regido pelas preposições “em”, “a”, “por” e “para”:
Em vão nos esforçávamos para dar o melhor.
Esforçava-me em sentir pena dele.
Esquecer
a) Transitivo direto:
Esqueci os fatos ocorridos.
b) Transitivo indireto:
Esqueci-me dos fatos ocorridos.
Nesse caso, como o verbo assume a condição de pronominal, será sempre transitivo indireto.
c) Constatamos que nas duas primeiras construções “fatos ocorridos” assumiram a posição de objeto, enquanto que na última, a de sujeito. Assim sendo, é o mesmo que disséssemos “os fatos ocorridos esqueceram-me, fugiram-me da lembrança”. Tal construção se refere ao uso literário. 
Esqueceram-me os fatos ocorridos.
Implicar
a) Transitivo direto – No sentido de “acarretar, envolver”:
As despesas extras implicam gastos desnecessários.
b) Transitivo indireto – Fazendo referência a “ter implicância”:
Os alunos implicaram com o professor.
c) Transitivo direto e indireto – Retratando a ideia referente a “comprometer-se, envolver-se”:
Ela implicou-se em atos ilícitos.
Informar
a) Assume a posição de transitivo direto e indireto, partindo de dois aspectos básicos:
Quando fizer referência à pessoa, funciona como objeto direto; e quando fizer referência à coisa atua como objeto indireto, regendo as preposições “de” ou “sobre”:
Informaram o paciente da cirurgia que iria fazer.
ou
Informaram o paciente sobre a cirurgia que iria fazer.
ou
Informaram ao paciente a cirurgia que iria fazer.  
Interessar-se
Na qualidade de verbo pronominal é sempre transitivo indireto, regido pelas preposições “em” e “por”:
Interessava-se nesta pesquisa.
Interessava-se por esta pesquisa.
Namorar
a) Intransitivo, quando fizer referência a “galantear, cortejar”: 
Comecei a namorar muito cedo.
b) Transitivo direto no sentido de “desejar ardentemente, galantear, cortejar”:
Pedro namora Beatriz há dois anos. 
Do lado de fora, namorava a vitrine de guloseimas.
Obedecer/desobedecer
Classificam-se como transitivos indiretos, regidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos pais.
Não devemos desobedecer aos sinais de trânsito.
Pagar
a) Transitivo direto quando o objeto fizer referência à coisa:
Pagamos a dívida.
b) Transitivo indireto quando o objeto fizer referência à pessoa:
Pagamos aos credores.
c) Transitivo direto e indireto quando fizer referência a ambos os elementos ao mesmo tempo:  
Pagamos a dívida aos credores.
Perdoar – Tal verbo se encontra submetido aos mesmos pressupostos do verbo pagar.
Preferir
a) Transitivo direto, quando o sentido se atém a “escolher, dar primazia a”:
Prefiro ficar em casa.
b) Transitivo direto e indireto quando o sentido se voltar para “decidir entre uma coisa e outra”:
Prefiro ficar em casa a sair.
Prevenir
a) Transitivo direto – Fazendo referência a “evitar dano”:
A precaução previne acontecimentos inesperados.
b) Transitivo direto e indireto – Referindo-se ao ato de avisar com antecedência.
Prevenimos os moradores de que haveria corte de energia.
Querer
a) Transitivo direto – Quando o sentido se ativer a “desejar, pretender”: 
O casal queria morar em São Paulo.
b) Transitivo indireto – Quando fizer referência a “amar, ter afeto”:
Queria muito bem a todos os seus amigos.
Simpatizar
Assume a posição de transitivo indireto, regido pela preposição “com”:
Não simpatizamos com os novos diretores.     
Observação importante:
O verbo antipatizar segue a mesma regência do verbo simpatizar.
Suceder
a) Intransitivo, no sentido de “acontecer, ocorrer”:
Os fatos sucederam rapidamente.
b) Transitivo indireto, quando a ideia estiver relacionada a “acontecer algo com alguém”, “vir depois, seguir-se”:

Não nos recordamos do que sucedeu a ela naquela noite. 
Visar
a) Transitivo direto no sentido de “dirigir o olhar para, apontar arma de fogo, pôr o sinal de visto em algo”:
O cliente visou o cheque.
A arma visava a cabeça do meliante.
Os convidados visavam a entrada da debutante.
b) Transitivo indireto, quando o sentido fizer referência a “pretender, objetivar, ter em vista”:  
Incansavelmente, visava ao aumento de salário.
As reformas visam à melhoria da infraestrutura.

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